terça-feira, 15 de março de 2011

Relatório sobre a vistoria do Lago do Café

Prezados Conselheiros e demais colegas envolvidos na luta para salvar as
capivaras do Lago do Café e resolver, de fato, o problema da febre maculosa:
Dentre as inúmeras informações que estão sendo veiculadas,
especialmente as originárias da Secretaria de Saúde, relativas à contaminação,
pela bactéria da febre maculosa, de todos os animais confinados, boa parte
delas não podiam ser confirmadas, o que nos levou a verificar in loco, como
estão vivendo estes animais. Estivemos ontem, 02/03 no local, acompanhando o
Dr. Roberto Stevenson, que a pedido da Dra. Rosana Mortari, do setor de
Proteção Animal do 4
confinamento.
Lá chegando, conversamos com dois funcionários que estavam
alimentando os animais, do lado de fora do espaço onde ficam os animais, sem
nenhum tipo de proteção. Indaguei sobre a falta desta providência, e um deles
respondeu que não era necessário porque eles não entravam naquele espaço,
apenas jogavam o alimento (restos de verduras) com uma pá. Esta informação
já revela a falta de limpeza do local.
Logo no portão de acesso, constatamos muita sujeira: lama, fezes, restos
de verduras e capim (figura 1a), pedaços de plástico (figura 1b), pedaços de
bambu, madeira. Existe inclusive uma pequena área coberta com telha,
abrigando uma peça de madeira, parecida com um coxo e que supostamente
serviria como local de alimentação dos animais. No entanto, está lotada de fezes
(figura 1c).
A qualidade da água do lago é péssima (figura 2a e b), muito suja,
escura, com restos de lixo nas bordas (figura 2c): madeiras, casca de coco,
restos de verduras. Indagamos sobre os cuidados com o lago, e os funcionários
responderam que não é necessário fazer nada! Somente em situações em que o
nível da água aumenta muito são tomadas providências para que o nível volte
ao normal.
o DP, faria uma averiguação técnica das condições do
dia anterior, permitindo um acúmulo de alimentos saudáveis misturados com
O alimento é jogado diariamente, sem que sejam retirados os restos do
encontramos restos de pão que devem estar lá há algum tempo em função da
aparência e do mofo facilmente visualizado (figura 3c). Se a limpeza fosse feita,
esses pães não estariam lá. Alguns animais foram comer estes restos enquanto
da nossa visita.
alimentos estragados (figura 3a e b). Fora do local onde é jogada a comida,
situação é a mesma, muito mato. No segundo local não vimos nenhuma
capivara, porém o funcionário afirma existir outra que no momento, encontravase
dentro de um buraco. Não conseguimos visualizar a capivara, apenas o
buraco. Como em toda a área do parque, o espaço reservado ao confinamento
está com mato muito alto e é visível que há muito tempo não é feita a
manutenção da vegetação (figura 4).
Contamos 13 indivíduos, entre machos e fêmeas, adultos e filhotes –
todos juntos. Segundo um dos funcionários, todos os animais ali confinados são
da mesma família, pois, contradizendo as informações encaminhadas pela
prefeitura, não há separação alguma, nem por sexo, nem por idade (figura 5).
O espaço de 2000m2, está dividido em 2 partes, em ambos os locais a
Dado o fato de que o confinamento deu-se há 2 anos, causa muita
estranheza afirmar que 22 capivaras desapareceram por meio de fugas e brigas!
As fugas são impossíveis, a menos que o portão fique aberto. O fechamento do
espaço foi feito com muros formados por placas de zinco, muito lisas e
escorregadias. Surpresa ainda maior tivemos com a informação da assessoria
de imprensa da Secretaria de Saúde, alegando suspensão da contagem dos
animais que seria realizada ontem, em função de fugas de alguns indivíduos.
Ora, estavam todos lá, e contar um a um é tarefa muito simples!
Os animais apresentam muitas falhas no pelo, indicando, segundo o Dr.
Roberto, algum tipo de dermatite por estresse (figura 6). Alguns estavam com
manchas de sangue, indicando brigas recentes, fato confirmado pelos
funcionários (figura 7).
constante, e os acasalamentos freqüentes. No tempo em que estivemos no
local, presenciamos inúmeras tentativas de acasalamento (figura 8).
Para finalizar, informo que o Dr. Roberto conseguiu se aproximar bastante
de algumas capivaras e, só com esta observação não foi possível verificar a
Como os animais não estão separados por sexo, a procriação tem sido
não havia carrapatos visíveis no local.
A partir destas constatações, aumentam nossas dúvidas relativas a
decisão da Secretaria de Saúde de abater estes animais, usando o argumento
da saúde pública.
1 O que foi feito, afinal, no espaço de confinamento e nos animais durante
estes 2 anos?
2 Porque os animais não estão separados por sexo e idade, como
prometido?
presença de carrapatos. Também no mato foram feitas algumas buscas, mas
implementado?
4 Porque desapareceram tantas capivaras?
5 Qual o destino das carcaças dos indivíduos que morreram?
6 Onde estão os laudos atestando que todas as capivaras estão
infectadas?
7 Onde estão os exames e diagnósticos oficiais das pessoas que
morreram, supostamente, de febre maculosa?
8 Quais os argumentos utilizados para que o abate fosse aprovado, pelo
IBAMA se não há sorologia?
9 Qual a relação do abate com um contrato que a Secretaria de Cultura
está firmando com a Fundação Anhanguera para a construção de um
espaço cultural no Lago do Café?
10 Se há suspeita de contaminação, porque os funcionários que frequentam
o local não têm equipamentos de proteção individual?
11 Não há risco para a família que lá reside?
Finalizando, alertamos que estas, dentre outras dúvidas precisam ser
esclarecidas, sob o risco de animais silvestres serem abatidos sem qualquer
motivo que justifique, indicando assim, o mais profundo desrespeito do poder
público com o bem-estar animal e a preservação da vida silvestre na cidade.

Atenciosamente,

Marisa Nunes Galvão
Secretária do CMPDA/Campinas
3 Porque o Centro de Estudos e Pesquisas acordado em 2008 não foi

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